quarta-feira, 23 de março de 2016

O domínio da língua.

Texto: Tiago 3: 1 – 18

Título: O domínio da língua.

Se hoje em dia há uma dificuldade para se levantar liderança na Igreja esse não era a problema nos tempos de São Tiago. Havia e, seu tempo uma grande oferta de líderes, muitos desejavam ser mestres a fim de desempenhar uma função especial no meio da comunidade cristã da Igreja primitiva. O problema lá se tornou o seguinte, com a diversidade de presbíteros em cada igreja passou-se a ter lutas fervorosas entre os que ambicionavam a posição de “mestres”

Em sua carta, o que São Tiago faz é uma exortação aos que se propõem a ser mestres em suas comunidades, mas sem nenhum sentimento de responsabilidade, pelo contrário, antes agindo com um espírito de vaidade e de censura diante dos demais.
Diante desse cenário ocorriam, como de costume e da cultura daquele tempo, discussões enormes, ofensas, etc, a língua corria frouxa. Havia um espírito de orgulho doutrinário, espírito de grande confiança nas próprias opiniões, espírito de infalibilidade daí vindo a vontade de ensinar, em ser mestre; porém, sem dar lugar ao Espírito Santo.
  
Sobre esse texto há uma paráfrase de William Carey Taylor, professor de teologia do “Colégio da Bíblia”, extensão do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, a qual foi escrita na década de 40 e que eu gostaria de reproduzir na íntegra. Nesta paráfrase o texto é exposto da seguinte maneira:

Meus irmão, membros de igrejas congregacionais, onde prevalecem a democracia e a eleição popular dos presbíteros das igrejas, no prazer[1] da democracia vos preveni contra os perigos. Sua principal fraqueza é que onde todos têm o direito a ser candidatos para posição oficial, todos querem a liderança, e fazem campanhas partidárias a fim de vencer nas urnas. Assim, de democratas passareis a ser demagogos. A cadeira de mestre não é para muitos, e embora a igreja eleja seus oficiais, é o Espírito Santo que os escolhe, e a igreja apenas procura descobrir sua divina escolha. Portanto, deixai de candidatar-vos para posição oficial. Se entrardes sem vocação divina nesta santa carreira, sereis tão somente condenados com tanto mais severidade quanto foi profano[2] a vossa presunção. Aliás, a facilidade em falar não e sinal de chamada para o ministério. Antes é motivo de maior cautela no domínio da língua. Nenhuma perfectibilidade humana existe nesta vida, principalmente[3] no falar. Pelo contrário, eis aí o ponto de maior fraqueza e tentação. Se alguém pudesse ser perfeito em palavras, os outros elementos de perfeição não tardariam a manifestar-se nêle. Achais o governo da língua dever insignificante, por ser ela tão pequena? Olhai o perigo. Freio é coisa pequena, mas sem ele o cavalo é solto. O leme é pequeno, mas sem ele resulta o naufrágio. A brasa que principia o incêndio na floresta é pequena, mas quão devastadora! E a língua é um fogo que começa no eixo da vida e consome toda a roda da existência. E que fenômeno monstruoso se vê entre vós. Línguas quais feras ou répteis[4]. Línguas, fontes lançando água amarga, água salobre e água doce da mesma bica. Línguas, quais árvores mitológicas capazes de produzir frutas de qualidades as mais diversas. Homens celestes que têm línguas inflamadas pela própria geena de fogo. Deixai, meus irmãos, desta contradição na vida. Sede mais coerentes, menos ambiciosos, presunçosos e insinceros. Julgais que sois sábios? Há duas sabedorias. Uma é a astúcia do demagogo, do demônio que, na luta sem lei, do inferno procura vencer seu rival, do candidato mundano na campanha entre o eleitorado. Esta sabedoria não tem lugar nas igrejas. É carnal, é dos restos da natureza não regenerada. É da terra, terrena e vil. A verdadeira sabedoria, porém, é sobrenatural, busca a paz, é franca e não pratica o fingimento e o dolo. Se semeardes uma vida pacífica, não temais ser sempre vítimas da injustiça. Não. Deus governa o mundo. E no fim, quando colhermos o que temos semeado, aquele que procura a paz terá uma seara de deliciosos frutos de justiça a fruir. Ele sentirá que sua vida pacífica não foi em vão.[5].
           
Segundo São Tiago, todos tropeçam e caem debaixo do juízo, mas o juízo é mais severo quando assumimos a posição de julgar o outro. Na comunidade cristã da Igreja primitiva muitos queriam ensinar, contudo, poucos estavam dispostos a ouvir e aprender, conforme está em Tiago 1: 19 - 27. Neste desvio de foco a língua passa a ser um instrumento destrutivo. E o que é grave, destruidor de vidas. Por isso, ela pode se tornar um canal de influencias infernais e assim inviabiliza a possibilidade de ser uma canal de influencias celestiais.

Verdade seja dita, quem já não foi testemunha ou vítima de uma palavra de zoeira (zombaria), ou de acusação, insinuação, calúnia, mentira, maldição, etc. Quanto sofrimento uma palavra pode causar, não é verdade? Quantas carreiras de pecado não estão começando neste exato momento por meio de histórias impuras ou insinuações maldosas. Mas se você meu caro leitor/leitora, semeia a paz, mesmo em meio às lutas, saiba que você colherá a vitória da justiça que vem da parte do Eterno, o nosso Senhor. 

O salmo 126: 5 diz: “Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão” ou “Que aqueles que semeiam chorando façam a colheita com alegria!”. Palavras do Senhor. Amém!



[1] No original: gozo
[2] No original: sacrílega
[3] No original: mormente
[4] No original: reptis
[5] TAYLOR. William Carey. A epístola de Tiago. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1965. p. 98-100.

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